MAS QUEM DISSE QUE A ROTINA LIVRA O FIM DE SEMANA?
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sexta-feira, 11 de abril de 2008

Regressão

Ligo o rádio. A música do Zé Ramalho automaticamente me leva de volta ao quintal da casa de vovó, e do ainda vivo, vovô. Família grande reunida, brincando. Tios, primos, cunhados de minha mãe, irmãos não sei de quem, parentes dos parentes, e o gato Lipe. Meu tio sentado no batente da saída para o quintal, as roseiras e as árvores frutíferas fazendo sombra ao dourado e quente sol de uma daquelas tardes dos anos 90. Minha vó olhando a agitação de toda aquela gente que se fizera dela e de vô; e eu e minha irmã agarradas às barras dos shorts de minha mãe, que sentada numa das inúmeras cadeiras dobráveis de metal que espalhavam-se pelo quintal, ora de terra, ora calçado de cimento, conversava com alguém sentado ao lado, cujo rosto nem me recordo mais de quem era. A única preocupação era rir, comer e se divertir. Um dos meus primos mais velhos “filmando” tudo com uma “câmera” de caixa de isopor com visor de lata de cerveja. Meu tio (mais um) apreciando a beleza das canções do Zé, da Elba, do Morais e do Geraldo e minhas tias entre uma brincadeira e outra correndo para o fogão ver as panelas que cozinhavam a gostosa comida caseira que vovó fazia tão bem e que suas filhas aprenderam tão bem. De vez em quando os pequenos netos (inclusive eu e minha mana) corriam pela extensa casa e íamos pra calçada da frente fugindo de “piques” e deixando-nos levar por aquela alegria tão efêmera quanto a infância. Tempos em que a consciência era tão pequena quanto o nosso tamanho e éramos apenas felizes espectadores do mundo. Um mundão de gente em forma de família confraternizando no grande quintal da casa de vovó ao som de "Avôhai".

Um comentário:

Unknown disse...

Lindo, perfeito, conciso, emocionante!
Linda história em belas palavras.

Séfora, quero te adicionar na minha lista de blogs!

Parabéns!

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